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Universidade Zumbi dos Palmares diz que Carrefour tentou censurar livro que analisa morte de negro

Fonte: Portal G1: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/06/29/universidade-zumbi-dos-palmares-diz-que-carrefour-tentou-censurar-livro-que-analisa-morte-de-negro-por-seguranca-em-supermercado.ghtml

Em e-mail, rede de supermercados disse à universidade que ‘se reserva no direito de buscar a responsabilização criminal de todos os envolvidos’ no trabalho científico. Reitor vai registrar boletim por preservação de direitos. Ao G1, grupo Carrefour não confirmou ameaça e disse que ocorreu desconforto pela falta de espaço para se posicionar no livro.

A Universidade Zumbi dos Palmares acusa o Carrefour de tentar censurar publicação de uma pesquisa científica que virou livro nesta terça-feira (29). O trabalho analisa o espancamento e a morte de João Alberto em uma loja da rede na véspera do dia da Consciência Negra sob o ponto de vista do racismo na segurança privada.

Em nota ao G1, o Carrefour não confirmou a ameaça de judicializar a publicação do livro, e explicou que o desconforto se deveu à falta de espaço para se posicionar na obra. Leia nota completa mais abaixo.

Nesta manhã, a instituição de ensino localizada na região central da cidade de São Paulo lançou “Caso Carrefour, Segurança Privada e Racismo: Lições e Aprendizados”, que tem o objetivo de apontar práticas adequadas para gestores de segurança privada.

O próprio presidente do Grupo Carrefour Brasil, Noël Prioux, se manifestou publicamente sobre o homicídio de João Alberto, lamentando a perda irreparável de uma vida, e assumindo o compromisso de ampliar a política de enfrentamento à discriminação e à violência, bem como da promoção dos direitos humanos em todas as lojas da rede.

Por ocasião do lançamento do livro, a Zumbi dos Palmares incluiu representantes do Carrefour entre os convidados, já que utiliza o episódio para iniciar a análise do racismo, que culmina na conclusão de que falta treinamento para os trabalhadores da segurança privada.

A instituição de ensino, contudo, obteve como resposta um e-mail em que a rede se diz surpresa com o convite, o recusa, diz encontrar “graves imprecisões e equívocos” no livro e informa que pretende levar os autores à Justiça.

“O Grupo Carrefour, com o lançamento do livro como se encontra, se reserva no direito de buscar a responsabilização criminal de todos os envolvidos, bem como adotar as medidas cíveis, e inclusive reparatórias, por todos os prejuízos que venham a ser causados”, escreveu a equipe jurídica do Carrefour em um e-mail para a reitoria da universidade.

Na mensagem, o jurídico do Carrefour argumenta que o livro “associa o nome do Grupo Carrefour ao racismo, muito embora referida prática não tenha sido identificada pelas autoridades competentes, nem no âmbito criminal nem no cível”.

José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, disse ao G1 que imediatamente, ao final do lançamento do livro nesta manhã vai a uma delegacia de polícia registrar um boletim por preservação de direitos.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

“O livro não discute o Carrefour, mas a segurança privada. O trabalho foi totalmente imparcial, científico, elaborado ao longo de 4 meses por profissionais altamente qualificados das áreas do direito, da antropologia, da sociologia, com análise de 200 publicações, com depoimentos de 50 pessoas, com o objetivo de sugerir melhorias na gestão da segurança privada. Percebemos que ela é feita no Brasil majoritariamente por pessoas simples, que estudam os direitos humanos e a cidadania em apenas 4 das 400 horas de treinamento, e que acabam reproduzindo no trabalho o olhar da sociedade. Ou seja – que falta qualificação e formação para atuar na área”, explicou o reitor da universidade.

“Nos sentimos ameaçados, constrangidos e discriminados. Duvido que fariam o mesmo se a pesquisa científica fosse da USP, da Unicamp ou da UFRJ. Não aceitamos que nos calem, nem que calem a ciência porque não gostaram da análise dos fatos. É uma atitude racista contra uma instituição de negros”, completou José Vicente.

O que diz o Carrefour

Sobre a publicação do livro “Caso Carrefour, Segurança Privada e Racismo: Lições e Aprendizados”, o Grupo Carrefour Brasil foi pego de surpresa com a publicação por não ter sido procurado em nenhum momento para contribuir com o livro que leva seu nome e também por ver documentos internos publicados sem sua anuência.

Entendemos que teríamos muito para compartilhar dado todo o aprendizado dos últimos meses e lamentamos que isso não tenha sido considerado.

Desde que assumimos os compromissos para combater o racismo estrutural no Brasil, a companhia vem sendo pioneira na implementação de um novo modelo de segurança, com a internalização dos agentes de prevenção. Foi um compromisso assumido publicamente e fielmente cumprido, e estamos totalmente abertos a dividir nossos aprendizados.

Somos favoráveis à discussão do atual modelo de segurança privada no país e sempre estivemos à disposição para dialogar com diversas organizações e entidades de forma que todos possam construir juntos um novo cenário de segurança e combate ao racismo no Brasil.https://b6b3fc79018a57eb072af647bc281ed0.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

O Carrefour manteve, desde o incidente em Porto Alegre, uma postura absolutamente transparente e colaborativa, tendo implementado os diversos compromissos públicos anunciados e celebrado, em tempo recorde, termo de compromisso com autoridades públicas no valor de R$115 milhões com diversas ações em prol da igualdade racial”.

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