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Reitor da Zumbi: empresas compreenderam por que promover a equidade racial


Fonte: EXAME

Link: https://exame.com/negocios/reitor-da-zumbi-empresas-compreenderam-por-que-promover-a-equidade-racial/


Em entrevista exclusiva à EXAME, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares fala do papel das empresas e instituições públicas no avanço contínuo


Em 2004, o professor José Vicente inaugurava uma das instituições mais relevantes na educação para a população negra em São Paulo ao fundar a Faculdade Zumbi dos Palmares, onde hoje é também reitor. Após sua atuação em organizações como o Instituto Afrobrasileiro de Ensino Superior, foi naquele ano o primeiro vestibular da Zumbi com 200 vagas. O negócio que começou tímido hoje está com 1.600 matriculados em dez cursos e é uma das maiores apoiadoras de instituições públicas e privadas que desejam inserir mais negros no mercado de trabalho em prol da equidade racial e da diminuição das desigualdades.

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Em uma entrevista exclusiva para a EXAME, José Vicente, revelou como este ano pandêmico foi também marcante na luta pelos direitos da população preta e parda, em um movimento que, segundo ele, só crescerá. "Observamos muitos movimentos sociais e empresariais, participando de alguns deles ativamente, e podemos dizer que houve uma compreensão definitiva das questões de equidade racial e um encorajamento que não diminuirá", afirma.

As disparidades raciais ainda são muitas. Pretos e pardos, que compõe a população negra, são 56% dos brasileiros. Entre eles, ao fim de 2019, 47% eram trabalhadores informais e 66% faziam parte do grupo dos desocupados e subutilizados no mercado de trabalho. Na pandemia, em um boletim epidemiológico, a Secretaria de Saúde do município de São Paulo afirmou que pretos têm 62% mais risco de morrer vítimas da covid-19 do que os brancos por conta do racismo estrutural e situação econômica.

Por outro lado há avanços. Há um ano foi registrado o fato de que, pela primeira vez, negros são maioria nas universidades públicas (50,3%). Além disso, as empresas estão mais atentas à importância financeira da inclusão. Sabe-se, por exemplo, que empresas com maior diversidade étnico-racial entre os executivos conseguem um desempenho financeiro, em média, 33% melhor em comparação com o de suas concorrentes. Na América Latina, esse percentual é de 24%, segundo a consultoria McKinsey. Além disso, atualmente a população negra movimenta 1,7 trilhão de reais no Brasil. Confira a entrevista:

A pandemia da covid-19 tornou a desigualdade racial ainda mais evidente?

A pandemia trouxe um sentimento de emergência para a questão racial e também nos fez conhecer com mais profundidade aquilo que conhecíamos razoavelmente bem. Por exemplo, o aluno o negro que já tinha uma dificuldade adicional de sobrevivência passou a ter ainda mais dificuldade de acesso aos empregos e à saúde. Percebendo isto, acompanhamos os alunos para melhor estruturar as aulas, entender o impacto da pandemia nas suas famílias e promover um acompanhamento mais intenso.

A Zumbi dos Palmares é referência para as empresas que promovem práticas de equidade racial. Como isto se deu neste ano?

A Zumbi foi e continua sendo fundamental para as empresas porque está há doze anos fazendo essas parcerias. A primeira prática foi com vagas exclusivas para negros no estágio do Bradesco, e desde então são cerca de 400 jovens efetivados. Ao longo do tempo outros bancos também seguiram essa linha com a nossa parceria. O movimento cresceu e há cinco anos criamos a Iniciativa Empresarial Pela Igualdade Racial, hoje com 73 grandes empresas signatárias que co-criaram os caminhos e impactam muito o mercado.

Neste ano elevamos a régua, especialmente depois do assassinato de George Floyd, a partir de ações como investimentos do Google e vagas de trainee na Bayer e na Magalu. Anos de trabalho coletivo resultam em avanços, uma vez que as vagas deixam de ser apenas para estágio e passam a ser também para trainees, para uma elite intelectual que se forma e passa a ocupar cargos de liderança. Outro exemplo importante é a vigilância dessa massa crítica, vide o Nubank anunciando 20 milhões de reais para práticas afirmativas que vão além do discurso. Podemos dizer que houve uma compreensão definitiva das questões de equidade racial e um encorajamento que não diminuirá.

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