Manifesto é lançado para combater preconceito e discriminação racial

fonte: CORREIO BRAZILIENSE
A Faculdade Zumbi dos Palmares e a ONG Afrobras lançaram, ontem, um manifesto com ações práticas para combater o preconceito e a discriminação racial contra negros, chamado de Movimento AR. A declaração contém 10 ações estratégicas a serem atingidas em cinco anos. A primeira ação começa a ser posta em prática amanhã, por meio de reunião com o Comando Geral da Polícia Militar de São Paulo.
As mudanças propostas pelo manifesto têm em vista possibilitar que pessoas negras tenham acesso a educação e a renda, por meio de parcerias e políticas públicas, levando em consideração os cenários pré e pós-pandemia. ;Nós, parte da população negra, já vínhamos de uma realidade em que 70% dos mais de 13 milhões de desempregados eram pretos ou pardos e, após a pandemia, sabemos que quem vai sofrer com o novo cenário são jovens e cidadãos negros;, afirma o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente.
Um dos idealizadores do Movimento AR, José Vicente diz que o projeto ganhou mais estatura após o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos. ;No Brasil, também tivemos outros ;George Floyd;, que foram assassinados da mesma maneira, seja pela polícia militar, civil, exército ou seguranças privadas;, afirma.
Ele destaca o abismo entre negros e brancos. ;Nós temos dois mundos no mesmo mundo, temos o do A e o do B. Eles são divididos, não se comunicam, não interagem. Essa divisão é a situação que esse racismo construiu, constrói e mantém;, lamenta. ;A sobrevivência desse público é para ontem, já era emergência antes da pandemia e, agora, ainda mais;, completa o reitor e doutor em Educação. Segundo Vicente, ;precisamos ter a plena convicção que o problema do racismo não pode ser um problema dos negros. Ele produz danos e malefício para todos;.
A população brasileira é composta por 56,10% de pessoas que se consideram pretas ou pardas, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad - Contínua) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, segundo o estudo de Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, também realizado pelo IBGE, a taxa de homicídio entre a população negra é quase três vezes maior do que a de brancos, 43,4 mortes para cada 100 mil habitantes contra 16 mortes para cada 100 mil habitantes, respectivamente.
Assinam o manifesto entidades como a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns; a Federação Brasileira de Bancos (Febraban); Luiza Helena Trajano, empresária e presidente do Grupo Mulheres do Brasil; e as escolas de samba Mangueira e Vai Vai. Personalidades brasileiras declararam apoio ao Movimento AR, atores e atrizes como Zezé Motta, Sérgio Loroza, Paulo Betti, Veralindá Menezes; profissionais da música, como Gabi Amarantos, Neto Fagundes, Serginho Moah, Sandra de Sá; da cultura, Alan Victor, Deise Nunes, Neilda Fabiano; e políticos, como a deputada federal Benedita da Silva e o senador Paulo Paim, entre outros. Para assinar o manifesto e saber como ajudar, acesse o site movimentoar.com.br.