LIBERDADE, DIVERSIDADE E CORONAVÍRUS
O Editorial da Folha de São Paulo em 10 de maio passado, novamente e acertadamente chama atenção para o grave apartheid que divide os brasileiros negros e brancos no nosso país. No limiar do século 21, a diferença de renda entre negros e brancos alcança o patamar de 55,8%; 47,5% deles são trabalhadores informais e 66% dos homens e mulheres negros compõem o grupo dos desocupados e os subutilizados no mercado de trabalho brasileiro.
O caos produzido pelo Corona Vírus escancarou e iluminou para todos nós as profundas desigualdades que estruturam a vida da maioria dos brasileiros e de como o esforço mesmo para ficar em casa, divide de maneira desigual o sofrimento e a privação. Principalmente, a parte mais vulnerável e necessitada dos brasileiros que ficarão sem seus empregos, seus salários e sem condições de garantir a sobrevivência de suas famílias.
Os negros, Invisibilizados no seu trabalho informal e inelegível por todas as carências sociais e burocráticas, o negro será castigado impiedosamente para acessar os recursos governamentais, para retornar ao mercado de trabalho e para manter a duras penas sua carteira na universidade. De novo, irão morrer mais, irão sofrer mais, irão perder mais, e praticamente ficarão impedidos de retomar a normalidade da vida social, quando ela se manifestar.
O day after, pós Corona Vírus irá exigir o pensamento de um país diferente. Mais humano, mais afetuoso, mais solidário, mais responsável, mais justo e equilibrado. Poderá ser também uma janela de oportunidades para construirmos uma relação racial e social nova e diferente que, de fato e verdadeiramente promova, proteja e valorize a miscigenação e diversidade racial, construindo de forma efetiva e definitiva um Brasil sem racismo, sem discriminação e com oportunidades e possibilidades iguais para os negros e todos os demais brasileiros. Bora transformar e promover diversidade racial de verdade??