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Especialistas afirmam que, enquanto o Brasil não se assumir racista, o negro continuará oprimido.


fonte: ANA LUCIA SOARES

link: https://www.analuciasoaresadvocacia.com.br/post/especialistas-afirmam-que-enquanto-o-brasil-for-um-pa%C3%ADs-negacionista-o-negro-continuar%C3%A1-oprimido


De acordo com especialistas que estudam a desigualdade social, quando se admite a existência do racismo, cria-se automaticamente a obrigação moral de agir contra ele.

O presidente do Instituto Luiz Gama (ONG que atua pela igualdade racial) afirma que “A negação é essencial para a continuidade do racismo. Ele só consegue funcionar e se reproduzir sem embaraço quando é negado, naturalizado, incorporado ao nosso cotidiano como algo normal. Não sendo o racismo reconhecido, é como se o problema não existisse e nenhuma mudança fosse necessária. A tomada de consciência, portanto, é um ponto de partida fundamental.”

No mesmo sentido, o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares e diretor da Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sociocultural (Afobarás) José Vicente, cita a inflamada indignação demonstrada pelos brasileiros em protestos de rua e nas redes sociais, em reação ao assassinato do segurança americano negro George Floyd, asfixiado por um policial branco nos Estados Unidos, como sendo um comportamento, à primeira vista, contraditório, uma vez que, os brasileiros presencia, frequentemente, nos telejornais, crimes praticados no seu próprio entorno tão racistas e cruéis quanto o ocorrido com o americano Floyd, mas nem de longe reagem com a mesma comoção.

Segundo o ele, para os brasileiros, aqui no Brasil não existe ódio racial, que os povos vivem de forma harmoniosa, democrática e sem conflito. Afirma ainda que o racismo foi construído de uma forma tão perversa e habilidosa que os brasileiros chegam ao ponto de não quererem ou não conseguirem enxergar a realidade gritante que está bem diante dos seus olhos.

Para o presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra, Humberto Adami, defende que para o combate efetivo ao racismo é necessário acabar com a negação e se assumir racista.

Adami afirma que “os indivíduos e as instituições costumam ter a mais absoluta convicção de que não são racistas, mas as atitudes acabam revelando o contrário. Se uma sociedade é racista, também a sua TV, a sua universidade, a sua polícia, os seus tribunais etc. vão ser racistas.

Comprovando sua afirmação Adami lembra que, no caso do segurança americano, os canais de notícias brasileiros, em programas de debate, escalaram seus jornalistas mais renomados para fazer a análise do caso de Floyd, dando grande destaque para a questão do racismo, e o detalhe que chamou sua atenção, foi que todos jornalistas eram brancos, e só após a reação de telespectadores mais atentos, foi que os canais de notícias se deram conta da situação absurda.

Afirma ainda que isso “mostra o quanto os negros ficam em desvantagem quando a negação prevalece e como tudo muda quando tomamos consciência de que somos racistas”.

Por seu turno, Ricardo Westin, da Agencia Senado esclarece que, quando a negação prevalece, essa realidade é interpretada como decorrência natural e inevitável das desigualdades sociais do Brasil e não se consegue enxergar que a verdadeira causa é o racismo. Os negacionistas, dizem os especialistas, tendem a rechaçar políticas de cunho racial como a demarcação de terras quilombolas e a criação de cotas nas universidades e nos concursos públicos.”

Para ele, com a lei Áurea, as pessoas de pele negra puderam deixar a servidão, mas não receberam os instrumentos necessários para tocarem as suas vidas de forma digna e independente.

Westin ainda destaca que, face ao racismo estrutural, “as pessoas e as instituições são moldadas, por vezes de forma inconsciente, para encarar como normal que brancos e negros ocupem lugares diferentes. É por isso que quase ninguém se choca com tantos negros assassinados nas periferias das cidades (...).

Importante ressaltar que, embora exista leis prevendo punições para quem pratica atos de racismo e injuria racial, muitas das vezes estas leis não são aplicadas, ante a inexistência de demanda por parte da sociedade.

Humberto Adami lembra que, atualmente no Brasil, não há nenhuma pessoa presa por Racismo. Que isto é um claro sinal do nosso racismo estrutural.

Fonte: Agência Senado


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